quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Tou farta! - parte II

Gostaria que alguém me explicasse por que razão na Suécia e em países reais se investe em energias alternativas, com autocarros a hidrogénio, e em Portugal ainda andamos a discutir o nuclear!
Porque é que ainda estamos a pensar se vale a pena investir nos professores, quando noutros países estes profissionais têm condições de trabalho e pais de alunos que realmente o são, em vez de despejarem para os professores a responsabilidade de lhes educar os rebentos?
Porque é que neste país os estudantes universitários podem entrar nas faculdades com médias negativas, quando sempre aprendemos que as negativas distinguem os maus exemplos dos bons? Antes os universitários eram a nata da sociedade, representando aqueles que tinham mais formação. Agora passaram a ser a borra, sendo facilmente identificados como bêbados e inssurectos.
Porque é que neste país os bombeiros são voluntários, sem qualquer formação específica, ou indumentária adequada e depois ainda se reclama que não se apagam incêndios de forma eficaz?
Porque é que construímos tantos quilómetros de auto-estradas, afogando as populações em alcatrão, quando temos linhas ferroviárias à espera de reabilitação, mais ecológicas e próximas das idiossincracias populacionais?
Porque é que reclamamos com a sinistralidade nas estradas quando fechamos simultaneamente os olhos às suspeitas de manobras das escolas de condução para que lhes sejam pagas "passagens administrativas" por parte de quem não está apto a pôr as mãos num volante? Ou que não haja campanhas de educação rodoviária nas escolas?
Por que razão elegemos autarcas corruptos que sabemos sê-lo?
Por que razão idolatramos gente mentecapta e demagógica, como futebolistas, políticos, actores e personagens estranhas que entram em concursos assustadores da TVI, em vez de prestarmos respeito a quem salva vidas, a quem, silenciosamente, mata a fome, presta cuidados a quem não os tem, a quem ensina e educa sem nada em troca, a quem apaga fogos, a quem faz desta merda de país algo que com isso se pareça??
Por que razão achamos fixe alguém que pega numa motorizada ou num automóvel e desata estupidamente a 210 km/hora numa estrada, arriscando a vida de quem tem o azar de passar no mesmo sítio, e não temos a mesma opinião de quem abdica de si mesmo para ajudar os outros? Por que razão somos estúpidos para adorar os que são estúpidos?
Que raio de inversão de valores é esta? Quem tira boas notas na escola é o marrão, o chato, e aquele que se balda e é desrespeitoso, é o gajo fixe! Quem apanha bebedeiras e vomita na nossa porta é porreiro, enquanto aquele que deixa de beber para poder conduzir é o tótó de serviço. Aquele que ajuda o próximo é tolo, enquanto aquele que rouba é o esperto, sabe sobreviver.
Se se deu alguma inversão de valores, eu só gostaria de ter sido avisada! É que não é fácil ser criada com o respeito pelos valores éticos e, de repente, parecer ter passado para o outro lado do espelho. Se ao menos pudesse quebrar este espelho...

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

A Necessidade de Pensar no Amanhã

Ainda fico espantada com a quantidade de pessoas neste país para as quais a responsabilidade ecológica é coisa de intelectualóides de esquerda, não tendo relevância para o cidadão comum. Mas há países onde se faz a diferença. Um belo exemplo é-nos dado pela Alemanha, onde os Verdes ocupam cargos governativos, marcando a diferença na protecção do ambiente. Para o Alemão médio, fazer triagem de lixos domésticos é tão natural como para o Português cuspir para o chão.
Neste país, muito do lixo triado nos ecopontos e ecocentros ainda vai direitinho para as lixeiras ou incineradoras porque não se criaram estruturas de tratamento ou reciclagem de resíduos. Isto significa que se diz ao cidadão que não vale a pena porque, depois de todo o trabalho em separar e levar aos ecopontos, todo o seu trabalho não serviu para nada. Só com muita vontade de querer mudar o mundo é que se continua.
Os portugueses continuam a deitar tudo para o chão, desde escarro a beatas. Não adianta ensiná-los a separar lixos porque insistem em deixar tudo no chão junto aos ecopontos, na esperança de que os resíduos, mais inteligentes, se insiram a si mesmos nos respectivos contentores. Os portugueses continuam a deitar para o lixo doméstico toneladas de vidro, que serviriam para muitas novas embalagens, toneladas de papel, contribuindo para a desflorestação do país, e usam e abusam das embalagens de plástico, tão nocivas para o ambiente. Somos uns broncos.
Não compreendemos que destruir o planeta é destruir a jangada no meio de uma tempestade em alto mar: não há mais nada a que nos possamos agarrar.
Caçamos em nome do desporto, poluimos em nome do consumismo, pilhamos em nome do prazer. Preocupamo-nos em deixar uma conta gorda no banco para os nossos filhos, mas não em lhes deixar o único planeta onde poderão viver??
Matamos muitas e belas espécies animais, para colecção, para peles, para troféus. Envenenamos os rios porque não queremos gastar dinheiro em estações de tratamento e porque as autoridades se estão a borrifar para o ambiente.
Esquecemos o papel e o vidro reciclados, não reaproveitamos embalagens, não andamos a pé, não desligamos as luzes quando não precisamos delas, não amamos a natureza, não amamos o outro que se senta ao nosso lado. Não.
Se cada um de nós fizesse por dia algo que beneficiasse o planeta, apenas uma acção, tudo seria qualitativamente muito diferente. E teríamos uma futura geração inteira a agradecer-nos, em vez de nos amaldiçoar.
Coisas simples como: não deitar pilhas para o lixo, reutilizar folhas de papel, fechar a torneira para poupar água, adoptar um animal abandonado, deixar o automóvel em casa, comprar produtos de países em vias de desenvolvimento, consumir menos carne, ser tolerante para com a diferença, enfim, tudo que define o verdadeiro comportamento ético.

Hoje é um bom dia para começar, não é?... ;-)