segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

Cobaias do petróleo


Já há muito tempo que não escrevo nada. Já há muito tempo que não tenho disponibilidade para me desligar das necessidades mundanas, mas ultimamente algo despertou violentamente a minha atenção - a utilização de químicos perigosos na alimentação e nos produtos mais corriqueiros que se possam imaginar.
Descobri que a associação
francesa de defesa do consumidor Qui Choisir, o equivalente à DECO no nosso país, anda há já muito tempo a pressionar o governo francês para legislar no sentido de proibir de uma vez por todas a utilização de parabenos nos produtos de higiene pessoal. E porquê? Porque estes componentes, derivados do ácido p-hidroxibenzóico, um subproduto da indústria petroquímica, utilizados como conservantes, são muito, mas mesmo MUITO suspeitos de provocarem os mais diversos tipos de cancros. De acordo com a investigação levada a cabo pela investigadora britânica Phillipa Darbre, de 20 tecidos mamários cancerosos, encontrou parabenos em 18. Tendo em conta que os desodorizantes, em contacto permanente com zonas da pele altamente irrigadas e com gânglios linfáticos, estão carregados destas componentes, a reação foi rapidamente estabelecida.
As associações de controlo da qualidade alimentar e cosmética negam o perigo, argumentando que estamos expostos a quantidades relativamente pequenas. Mas se analisarmos os produtos lá de casa, desde champôs e amaciadores, a hidratantes, passando pelas pastas de dentes e até medicamentos, os componentes estão lá: methylparaben; butylparaben; ethylparaben; isobutylparaben e propylparaben. O problema está no facto de DIARIAMENTE estarmos expostos a substâncias potencialmente perigosas quando tomamos banho, quando escovamos os dentes, quando usamos cosméticos, quando nos alimentamos, quando nos tratamos. Será coincidência o aumento de cancros nas sociedades ditas civilizadas e desenvolvidas? Tornámo-nos tão dependentes da indústria do petróleo que até o ingerimos!
Claro que há alternativas, mas tudo está carregado de componentes químicos e não se sabe muito bem até que ponto os seus efeitos a longo prazo na saúde humana serão prejudiciais.

Mas se a questão é controversa no que toca ao uso de produtos de higiene pessoal e cosmética, o que colocamos nos nossos pratos não fica atrás. O uso indiscriminado dos "E" na alimentação, como corantes, intensificadores ou conservantes e a sua influência na saúde humana dá que pensar. Por exemplo, os antioxidantes E-320 e 321 são derivados do petróleo, usados para conservar pastilhas elásticas, purés em flocos, etc.. São tóxicos e até cancerígenos. Ou sabiam que o E-173 é simplesmente alumínio? E o E-174 prata? e o E-175 ouro? O E-210, ácido benzóico, é mais um derivado do petróleo, é usado em refrigerantes. Literalmente andamos a comer crude.
Soluções?
Abrir os olhos e escolher os produtos antes de os colocar acriticamente no cesto/carrinho de compras. Preferir produtos biológicos, caseiros, sem pesticidas. Evitar produtos refinados e sintéticos (refrigerantes, doces industriais, alimentos com cores muito vivas). Preferir alimentos integrais, açúcares puros de cana, evitar adoçantes. Fugir dos plásticos (altamente poluentes) e preferir embalagens de cartão e vidro. Ler os rótulos, escolher produtos não testados em animais, o mais naturais possível. Quanto mais "E's" no rótulo, pior! Afinal, se precisa de muitos corantes e aditivos é porque o sabor original deve ser mesmo mau! O problema é que os portugueses só lêem a Bola e o resumo das novelas, não se preocupam com o que metem pela goela abaixo! Afinal, é da nossa saúde que estamos a falar. Informem-se, porque nada convém mais aos maus governos e às grandes multinacionais e lobbies económicos que um povo ignorante e adormecido com morangos com açúcar e futebol às toneladas!
Para mais informações, consultem:
http://www.taps.org.br/meioam24.htm - recomendo vivamente, muito esclarecedor
Ou leiam
"Há lixo nos nossos pratos", de Fabien Perucca e Gérard Pouradier, edições Campo das Letras