
Os gatos sempre foram vítimas da ignorância humana. Associados desde a Idade Média a práticas de bruxaria, eram frequentemente lançados das torres das igrejas como forma de esconjurar o mal. Isto com sorte, porque muitos eram simplesmente queimados ou esmagados. Tudo porque, ao contrário do cão, são animais intrinsecamente selvagens e ferozmente independentes, não se submetendo aos caprichos humanos. Enquanto um cão apanha pancada e ainda lambe a mão do dono, o gato riposta ou simplesmente borrifa-se para o dono, se este não o respeitar. Costumo dizer que os meus gatos me deixam morar com eles e isto significa que cá dentro somos todos donos do nosso próprio nariz, principalmente os meus amigos felinos.
Muita gente despreza os gatos porque não suporta que alguém possa ter personalidade, inteligência e independência. Sim, claro que falo dos gatos! Tal como os lobos, os felinos são criaturas fascinantes que permanecem senhores de sim mesmos, nunca aceitaram a domesticação.
Mais do que rejeitar os gatos, devemos preservá-los, nunca os abandonar ou sujeitar à fome ou aos maus tratos. Como a qualquer animal, OBVIAMENTE, mas neste momento estas criaturas fascinantes precisam de ser preservadas de mais um estigma ou discriminação. Não adianta deixar de alimentar os bichinhos da rua porque senão assim é que eles se alimentarão de aves mortas; não resolve nada deitar o gato fora pela janela porque só aumentaremos a percentagem de animais abandonados que nesta porcaria de país é vergonhosa. O pânico, aliado à ignorância, pode gerar injustiças e crueldades, como já aconteceu tantas vezes ao longo da história. Morcegos exterminados, lobos caçados, animais caçados pelas peles ou partes do corpo para medicina popular, gatos queimados, enfim, tudo coisas boas que deixamos às novas gerações. Quem terá coragem de mudar isto?