terça-feira, 14 de junho de 2005

Vai um quilo de condecorações?

No passado dia 10 de Junho que, mais do que um simples feriado, é o dia em que se comemora o dia da nacionalidade, Jorge Sampaio voltou a condecorar personalidades que, supostamente se destacaram em algum domínio, artes, política, entre outros.
Então a lista é recheada de nomes bem conhecidos do grande público: Catarina Furtado, Luís Represas, José Mourinho, Fátima Campos Ferreira, Nicolau Breyner..
Mas o importante aqui é pensar um pouco no valor e no significado de tais condecorações. Isto porque eu parto do princípio de que tal prémio nacional deveria afectar quem de facto se sacrifica pelo país.
Que fizeram estas personalidades?
- Como comparar o valor de Catarina Furtado com o de Paula Ravasco, cientista portuguesa que foi galardoada com o prémio Eminent Scientist of the Year 2004, pela International Research Promotion Council por ter feito um estudo pioneiro no domínio da nutrição nos doentes com cancro? Ou será que estamos a promover apenas caras bonitas?
- Como comparar José Mourinho com António Damásio, um dos mais internacionalmente conhecidos neurologistas em todo o mundo pelo trabalho que tem feito no estudo das emoções e da consciência? Ou estaremos a condecorar arrogância e mau feitio?
- Que dizer de Nicolau Breyner ou de Luís Represas? O seu trabalho é comparável ao dos paramédicos que todos os dias por essas estradas arriscam a própria vida anonimamente? E os bombeiros? Ou é apenas uma forma de mostrar que ser colunável é "super bem"?
Quantas pessoas se arriscam, sem pedirem nada em troca, para salvarem pessoas, para salvarem as florestas, para salvarem animais, para protegerem ecossistemas e não são condecoradas? Vamos condecorar apresentadores, actores, músicos?
Há uns tempos foram os Xutos e Pontapés! Por que não os Ena Pá 2000? Fernando Rocha? Alberto João Jardim? Lili Caneças? Nílton? Pedro Santana Lopes?
Afinal, qual é o critério de merecimento de tal honra?
Sempre achei que uma condecoração significava um reconhecimento por serviços prestados ao país, aos portugueses, à humanidade. Sempre achei que devesse significar que essa pessoa é muito válida para toda uma sociedade, que a vida fica melhor com a sua actuação, que mudou a nossa existência para melhor. Honestamente, não vejo isso nos condecorados deste ano. Além de me encherem os olhos com novelas execráveis, dão-me música desprezível, apresentam-me concursos ou programas acéfalos ou enjoativos e, acima de tudo, trabalharam para si mesmos e para os chorudos salários que auferem. Não lhes reconheço valor a nível nacional.
Se é assim, então fiquem com as condecorações porque é óbvio que elas não devem valer assim tanto. Resta-me a consolação de que pelo menos a consciência é a melhor das medalhas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Bem, o principio destas condecorações é: pessoas que fizeram história em Portugal e que levaram Portugal para o resto do mundo, penso eu... Bem, segundo esse ponto de vista, parece que as condecorações foram bem atribuídas, certo? ERRADO! Como a Clara disse, e muito bem, há montes de gente aos xutos aí que merecem muito mais que eles, que lutam, não só por endireitar Portugal, como por ajudar o mundo inteiro, e essas pessoas, a meu ver, merecem muito mais estas condecorações. Mas nesta república de BANANAS, o que conta não é o mérito, é sim a fama e o sucesso... Não o esforço e o sacrifício, isso é para os lorpas... Lorpas como os bombeiros, os paramédicos, os cientistas, os ambientalistas, por aí fora, uma lista interminável de pessoas que trabalham para o bem da sociedade... Agora decidam: querem pertencer ao grupo de lorpas e ser condecorados na consciencia ou pertencer ao grupo de cabeças-ocas e ser condecorados com uma cerimónia parvalhona e uma medalha dos trezentos?