terça-feira, 3 de maio de 2005

A Justiça dos Homens

Ainda há poucos dias num jornal de grande tiragem surgia a notícia espantosa: num estado norte-americano uma criança de 13 anos será forçada a levar uma gravidez até o seu termo, "no interesse da jovem". Tudo em nome da moral e dos bons costumes norte-americanos.
No interesse da jovem?!
Estamos a falar de uma criança de 13 anos cujos passatempos devem estar no domínio da Barbie, do Cartoon Network e dos rebuçados. Estamos a falar de uma criança que mal deve saber como tudo aconteceu, que ainda deve dormir ao lado da boneca preferida. Tudo no interesse da própria jovem...
Deixem-me que vos diga uma coisa: nunca as crianças e os adolescentes estiveram tão rodeados de sexo e nunca souberam tão pouco acerca dele.
A sexualidade desenfreada invade as suas cabeças: nas músicas, na MTV, nas revistas, na publicidade, nas roupas, nas atitudes. Em Inglaterra há linhas de lingerie dos 9 aos 13 anos! Dos 9 aos 13 anos! Wonderbras, tangas, ligas, tudo para crianças! O problema é que as crianças e os adolescentes não têm tempo ou capacidade para digerirem tanta sexualidade quando ainda tresandam ao leite que as mães lhes deram!
Na notícia não se especificava o porquê de tal gravidez: por relações consentidas ou por violação. Mas que diferença há?? Se foram relações sexuais consentidas, onde estavam os pais para lhe terem explicado que 13 anos é demasiado cedo para sexo? Onde estava a escola com a tão desejada "educação sexual"? Onde estava a sociedade para impor limites ao que deve ser transmitido aos mais jovens? O que leva estes miúdos a terem sexo como quem ouve música? A culpa é de todos nós que lhes enfiamos sexo pelos olhos dentro e depois esperamos que se contentem em saltar à corda ou a trocar cromos. Seja como for, esta criança é uma vítima!
Se as relações sexuais não foram consentidas, então ela é duplamente vítima: de uma violação física e de uma violação social porque nunca ela estará preparada psicológicamente para ser mãe. Ser mãe é um processo que implica maturidade fíísica, maturidade emocional e poder de decisão económico. E esta criança não tem nenhum deles!
Aonde irá buscar o cálcio para a formação do feto? Aos seus ossos, que dele precisam para o seu próprio crescimento. E as proteínas? Aos seus músculos em desenvolvimento. Duas crianças a competirem pelos mesmos nutrientes.
E a sua adolescência? Aonde a irá buscar?....A lado nenhum pois as responsabilidades da maternidade roubar-lhe-ão o resto de meninice.
Defender a vida? Com certeza, mas não a todo custo, não pelo preço de outras vidas que ficam destroçadas. Não em nome de um puritanismo ridículo, de valores que não dão resposta às necessidades reais das vidas das pessoas. Os valores devem existir para orientarem a conduta humana, não destruí-la!
Obrigar esta criança a ter outra criança é violá-la no seu direito fundamental: o de ser ela própria.
Os coelhos têm crias porque o seu instinto lho "diz" para o fazerem e fazem-no porque não têm alternativa. Criam vida pela vida. Mas o ser humano não é um coelho, cria vida quando tem condições para tal, não porque tem de ser.
A hipocrisia social não tem limites. os movimentos pró-vida (como se os outros fossem pró-morte..) incitam, pelo terror, as pessoas a procriarem contra a sua vontade, a qualquer custo e quando as crianças indesejadas nascem, onde estão os pró-vida? Estão lá para apoiarem essas famílias? Não, são os mesmos que depois as evitam.
Definitivamente, a maternidade tem de ser uma questão de escolha e não uma imposição de fora, como se a vida fosse mais importante que a qualidade de vida.

2 comentários:

Anónimo disse...

Gonçalo Codeço (ex-aluno)

mt sincerament...o blog ta altamente!mt bom mesmo!Kontinue!

Anónimo disse...

O aborto é sempre preterível em relação à vida. Ninguém que escolha abortar fica bem consigo mesma. A solução nunca é terminar a vida, mas sim apoiar devidamente.
reconheço, no entanto, que o caso de uma menina com 13 anos é bastante mais problemático do que o de uma doidivanas qualquer que se arrependeu de ter desejado ser mãe, ou se esqueceu que foder tem destas consequências.
13 anos... realmente é complicado ajuizar!

Mudando de assunto, o caso holandês foi muito bem visto. Vivó sporting e o centro materno-infantil do porto.