sábado, 3 de março de 2007

Chutar ou parir? Eis a questão!

Agora que se reúnem condições favoráveis para a criação de salas de chuto para os toxicodependentes poderem dar largas à sua fraqueza de espírito, há que preparar os meios para os acompanhar. O que implica recursos económicos e humanos preciosos. E isto levanta-me uma questão incómoda: se andamos a fechar maternidades e centros de saúde por motivos económicos, vamos agora pegar em recursos que beneficiariam a população em geral e investi-los em gente que optou por se autodestruir e arrastar os outros na sua espiral de desgraça?
Até há poucos anos, os diabéticos tinham de pagar do seu bolso as indispensáveis seringas para injectarem em si mesmos a insulina que os mantinha vivos, enquanto os toxicodependentes as tinham de graça. Um diabético pode optar por o não ser? E um toxicodependente? Não escolheu ser estúpido? Compreende-se isto?

Começámos a entrar numa onda de desculpabilização destes indivíduos: são doentes, são coitados, são vítimas. E todos aqueles que por eles são assaltados diariamente para conseguirem o dinheiro para a dose? Ou picados pelas suas seringas infectadas? E que dizer dos que vêem as suas famílias destroçadas pelo comportamento destes dejectos humanos? Seremos seus algozes porque nos recusamos a ser vítimas?

Fecham-se maternidades porque ser pai/mãe num país como este é um luxo. Um conselho aos aspirantes a terem um filho: tornem-se toxicodependentes, há mais vantagens. Um conselho aos reformados e idosos deste país: se quiserem ter acesso aos cuidados básicos de saúde que distinguem um país evoluído de um terceiro-mundista, piquem-se, assaltem o pessoal lá da junta e, mais tarde ou mais cedo, têm direito a assistência médica e à piedade das autoridades. Porque o que está a dar é isso mesmo: ser um nada, um maltrapilho, um lixo social, importunar os outros nos semáforos, mendigar, assaltar e moer. Pois, afinal, são vítimas de uma sociedade opressora, que, injustamente, gostaria de os ver produtivos e úteis, justificando o oxigénio gasto e os recursos dispendidos.

2 comentários:

Anónimo disse...

CLAP! CLAP! CLAP!

Anónimo disse...

É claro que enquanto não estiverem assegurados os mínimos apoios do Estado a todas as situações que realmente merecem se deveriam deixar para segundo plano todas as outras. Mas, os nossos políticos confundem o politicamente correcto com o politicamente coerente. É pena!

Parabéns pelo texto.