quinta-feira, 19 de maio de 2005

Tou farta!

Hoje, em vez de despejar a minha raiva acerca deste país atrasado sob a forma de opiniões, criticadas por uns, corroboradas por outros, deixo-vos um desafio sob a forma interrogativa, para que meditem sobre o estado da nação:

Por que razão continuamos a ser um país onde tanta gente morre violentamente na estrada?
Por que razão temos tão más estradas se pagamos tantos impostos? Para onde vai todo o nosso dinheiro? Porque é que continuamos a tropeçar em bêbados ao volante nas estradas, de telemóvel na mão? Porque é que nesta porcaria de país continuamos a achar que as bebedeiras são um ritual de passagem para a adultície? Nesse caso, andará por aí muita gente durante tantos anos a fazer a transição?
Porque é que continuamos na cauda da Europa em termos de aproveitamento escolar: serão os professores incompetentes ou os pais e o Estado negligentes? Porque razão se abrem politécnicos e faculdades privadas para onde vão a maioria dos alunos que nenhuma faculdade estatal quer receber, e que depois, à força de propinas e facilitismos, saem cá pra fora sem saberem ler ou escrever e são doutores? E porque hão-de aqueles que até estudam estar no meio desta generalização, apanhando também no pêlo?
Como é possível que tenhamos programas como a "quinta das bestialidades", perdão, celebridades (?) ou as novelas da TVI? Como é possível que a SIC passe uma média de seis novelas por dia? Não andaremos já adormecidos e apalermados o suficiente? Como é que uma .. personagem como José castelo Branco é uma celebridade? E os paramédicos que salvam dezenas ou centenas de vidas por ano? Não mereceriam esses, sim, reconhecimento? Mas quem é que o Sr. Presidente da República condecora? Os...Xutos e Pontapés?
Alguém me sabe explicar porque se respira este clima de impunidade, esta sensação de murro no estômago de que o crime compensa? Para que raio andamos nós a sermos honestos? O que define um culpado em tribunal: as suas acções ou um mau advogado? O que representa realmente o problema de pedofilia da Casa Pia? Gente sem escrúpulos ou políticos e organizações coniventes?
Porque me empurram imagens de iraquianos mortos pelos olhos dentro de cada vez que ligo a televisão? Para me fazer sentir culpada por uma guerra que não comecei e com a qual nunca concordei? Porque é que George Bush existe? Pior, porque é que ganhou outra vez as eleições?
Como é possível que um padre diga na sua homilia que um aborto é pior que o assassínio de uma criança de poucos anos de idade? Quem tem o direito de dizer que um feto tem mais ou menos direitos que uma criança que ama, chora, sente, pensa? Quem vale menos ou mais? Como se qualifica o valor de uma vida?
Porque é que ninguém culpabiliza essas suiniculturas que despejam os detritos nas ribeiras, destruindo-as definitivamente? Porque é que ainda há touradas? Porque é que as pessoas continuam a abandonar os animais na estrada, deixando aos outros a tarefa de os atropelar ou recolher com os olhos lavados em lágrimas?
Será que o ex-ministro do ambiente vai supostamente responder pelas supostas irregularidades supostamente cometidas durante o seu suposto mandato?
Por que razão se permite que os clubes de futebol tenham perdões e adiamentos sucessivos no pagamento dos seus impostos e eu, reles prof, se não os pago passo a ver o sol por detrás das grades? Porque é que os futebolistas ganham o que ganham, por darem pontapés na bola (e não me lixem os puristas do futebol com o-valor-que-os-coitadinhos-têm-e-a-riqueza-que-trazem-ao-clube), enquanto os médicos da AMI trabalham de graça, os bombeiros salvam vidas de graça ou por tusto e meio, ou os professores tentam formar as novas gerações com ordenados que por vezes roçam o valor do ordenado mínimo?
Alguém me sabe explicar como um indivíduo como Alberto João Jardim chegou a político? Pior, como continua onde está há tantos anos? Ou por que razão os deputados se reformam após meia dúzia de anos de trabalho, com reformas escandalosas e eu, se quiser a reforma, tenho de trabalhar mais de 30 anos?
Alguém me sabe explicar como é que um reformado pode viver com uma reforma de 150 euros? O seu trabalho valeu menos do que o do Cristiano Ronaldo? E porque é que temos de trabalhar tantas horas por dia, não tendo tempo para ver os nossos conjuges, os nossos filhos, os nossos amigos, nós mesmos ao espelho? PORQUE É QUE NÃO TEMOS TEMPO PARA PENSAR?

PORQUÊ????????????????????????????????????????????????????

Honestamente eu tenho a resposta mas acho que cada um tem de procurar compreender o que está mal neste país. Por isso serei egoísta em não a dar e, simultaneamente, altruísta por vos obrigar a nela pensar. Entre o peixe pescado e o ensino do uso da cana de pesca, vou pela segunda via.

5 comentários:

Anónimo disse...

Pah, porquê? PORQUÊ???? eu não sei, talvez devamos perguntar aos donos de multinacionais que monopolizam tudo hoje em dia, aos nossos políticos que só sabem coçar os tomates em vez de trabalhar a sério para resolver os problemas da nação, talvez devamos perguntar a nós proprios se hoje já fizemos um esforço por melhorar o mundo, sim! Porque também nos compete a nós fazer um esforço, lutar por um mundo melhor. Se cada um de nós pensar que uma pessoa não faz diferença, e se todos pensarem assim, nunca chegaremos a lado nenhum!!!

Anónimo disse...

Depois de um texto destes só posso dizer... que é muito bom conhecer pessoas assim...

Rui Areal disse...

Porque os Portugueses são os típicos seres humanos indiferenciados. Sabem um bocadinho de tudo, mas não sabem tudo sobre um bocadinho...
A mesma resposta se pode dar ao problema do desemprego. Nenhum Português tem ferramentas mentais para se adaptar a um trabalho diferente daquele que sempre fez, porque nunca pensou realmente naquilo que passa os dias a fazer. Somos uma massa indiferenciada de mão de obra de 3ª categoria. Se nos vemos desempregados somos incapazes de nos transformarmos... ficamos à espera que alguém nos arranje um emprego igual ao anterior. E quando a fome aperta lá vamos para espanha ser explorados como marroquinos.
E ainda nos admiramos por termos o país que temos? Eu não. Eu admiro-me de ainda não sermos uma colónia oficial de Espanha.
Outro exemplo (e não dou mais nenhum para não parecer esquizofrénico)é o referendo à constituição europeia. Vamos todos votar sim porque sim, ou votar não porque não. Razões? Dá muito trabalho pensar nelas. Cito um um aluno meu numa aula de Biologia sobre a digestão (10ºano): «O pssôra, a gente já sabe que as enzimas "tem a ver" com a digestão, não é preciso saber mais nada.»
Da mesma forma, o Português sabe empilhar caixas de qualquer produto num qualquer armazém, mas não sabe sequer de onde chegaram as caizas, quem as fez, que destino elas tem,... enfim, são robots sem capacidade de aperfeiçoamento. Por isso, esse retrato da Clara é infelizmente a verdadeira «dimensão» da realidade portuguesa. Suspeita que não seja a 5ª...

Anónimo disse...

acho o mesmo que a sectora, tem toda a razao

da sua aluna preferida lol!!!
Ana Maria 10º4C

Anónimo disse...

agora a serio.
realmente nos os estudantes devemos ser os primeiros a lutar para que portugal deixe de ser um pais de ignorantes que só se preocupa com luxos, bons carros, e dinheiro no bolso para poderem gastar.
vamos lutar para que portugal possa ser a quinta dimensao, mas um quinta que é primeira. se é que me faço entender.
xau sectora
ana neto 10º4c